Dial P for Popcorn: DAFA 2010: Melhor Actor

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

DAFA 2010: Melhor Actor




Bem-vindos à primeira edição dos Dial A For Awards, a cerimónia de prémios de cinema do nosso blogue, Dial P For Popcorn. Iremos revelar, categoria a categoria, os nossos seis nomeados e três vencedores entre aqueles que foram, para nós, os melhores filmes de 2010.

O bom de ter deixado os prémios principais para agora (não que tivesse sido propositado) é que posso olhar para 2010 com novos olhos, em retrospectiva, em busca de algo que não tivesse visto bem há meio ano atrás, quando redigi as minhas nomeações. Em resultado disto, esta categoria - Melhor Actor - teve uma mudança curiosa, a adição de uma interpretação que eu pensava que não ia permanecer comigo durante muito tempo.







MELHOR ACTOR:
Javier Bardem, BIUTIFUL  #2
Jesse Eisenberg, THE SOCIAL NETWORK  #3
Colin Firth, THE KING’S SPEECH
James Franco, HOWL (também por: 127 HOURS)
Ryan Gosling, BLUE VALENTINE  #1
Edgar Ramirez, CARLOS 


Ao contrário das actrizes, o ano não foi propriamente forte em grandes interpretações de actores. Não foi, por isso, uma tarefa assim tão complicada escolher estes seis nomeados. A merecer menção de qualquer forma, de fora ficou o trabalho quieto e subtil de Ewan McGregor ("The Ghost Writer"), a raiva controlada de Aaron Eckhart ("Rabbit Hole"), a forma impressionante como Jeff Bridges ("True Grit") transforma um papel inolvidável que deu um Óscar a outro numa personagem inteiramente sua, a interpretação medida, honesta e natural de Mark Wahlberg ("The Fighter") e a irrepreensível viagem de Lars Eidinger ("Everyone Else") de carinhoso e afectuoso a um autêntico mau carácter.

"127 Hours" e, especialmente, "Howl" mostraram-me um lado de James Franco que ainda não tinha visto. Se por trabalhos mais recentes já sabíamos que era talentoso, a transformação em estrela de cinema surgiu definitivamente com estes dois trabalhos, tão distintos e originais. Variedade, brilho e profundidade emocional são características que qualquer bom actor deve possuir, mas capacidade de conduzir um filme de duas horas sem nunca aborrecer o espectador só poucos actores de calibre conseguem. Franco é um deles. E fê-lo duas vezes este ano. Numa, foi subtil, misterioso e pensativo. Noutra, exuberante, entusiástico, humorado. Em ambas sucedeu plenamente. Jesse Eisenberg ("The Social Network") foi a descoberta do ano para muitos - não para mim que já tinha visto o que ele consegue fazer em "The Squid and the Whale", "Adventureland" e "Zombieland". Em "The Social Network", Jesse Eisenberg não falha uma vez na entrega das falas, não perdoa nas expressões e reacções e é capaz de mostrar desprezo, indiferença e simpatia quase em simultâneo, no espaço de segundos. Custa admitir que admiramos uma pessoa tão rude, arrogante, prepotente e condescente. Com uma confiança e uma naturalidade anormais para quem tem que intepretar alguém tão instantaneamente genial e icónico como Mark Zuckerberg contudo aproveitando para em certos momentos mostrar o quão fraco, invejoso, desconfiado e vulnerável ele realmente é, Eisenberg oferece-nos uma das maiores interpretações da década. De Colin Firth ("The King's Speech") já meio mundo falou e por isso eu pouco preciso de dizer. Não sendo tão impressionante como a sua interpretação em "A Single Man", é ainda assim um trabalho excepcional da sua parte. A química que tem com Geoffrey Rush e a forma como soube exibir tanto as qualidades como as fraquezas do seu Rei fazem desta interpretação uma das melhores da sua carreira e, por isso, merecedora do Óscar que recebeu.

Javier Bardem ("Biutiful") proporciona-nos a experiência mais realista, desconfortável e confrontadora que tive numa sala de cinema em 2010. Em "Biutiful", Javier Bardem entrega-se por completo a Innaritú e mergulha bem fundo na humanidade da sua personagem, fazendo-nos ver o mundo pelos seus olhos e chorar e sofrer com ele. Em termos de imersão, nesta categoria, só Ryan Gosling compete com ele. Em "Blue Valentine", Gosling está absolutamente irreconhecível. Disse eu na crítica ao filme, "imerso profundamente no personagem, conserva todos os elementos fundadores da sua personalidade ao longo das duas partes distintas da história, conferindo no entanto características diferentes aos dois estados de Dean. O primeiro Dean é um ser-humano completo. O Dean mais velho é uma sombra, um fragmento do seu "eu" passado, um homem de coração partido, destruído pela vida e pela dificuldade em manter uma relação que desde o início se revelou imensamente complicada de gerir e pela qual fez tudo. A sua dor é palpável e o seu sofrimento ao sentir a indiferença da mulher, mesmo ele dando tudo por ela, é de partir o coração." Mantenho tudo aquilo que disse. Finalmente, Edgar Ramirez. "Carlos" é, na sua essência, uma exposição dos talentos do actor que interpreta Carlos o Chacal. Ramirez não foge da imagem do bruto e temível terrorista, pincelando a sua interpretação de humanidade e calor que não deixam ninguém ficar indiferente e torna complicado detestarmos a pessoa.

Agora vocês: em retrospectiva, quais as interpretações de 2010 que ainda vos enchem as medidas?

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