Dial P for Popcorn: IKIRU (1952)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

IKIRU (1952)




"You've never had a day off, have you?" "No." "Why? Are you indispensable?" "No. I don't want them to find out they can do without me."


Acabei de ver esta obra-prima e não aguentei ficar calado. Akira Kurosawa é um visionário. É um homem muito à frente do seu tempo, um homem que imaginou no inicio do século XX, aqueles que seriam os mais graves e controversos problemas do ser humano na nossa actualidade. Estou deliciado, maravilhado e completamente rendido.

Kanji Watanabe é um moribundo e conformado chefe de uma secção de serviços públicos. Funcionário exemplar, cumpriu 30 anos de serviço sem dar uma única falta. Considerava-se sempre muito ocupado, sem tempo para mais nada que não o trabalho. Era viuvo e desde muito cedo se viu obrigado a criar sozinho o seu filho, a quem tudo deu e por quem tudo fez. Viveu para o trabalho, para que nada nunca faltasse ao seu filho. No entanto, chegado à velhice e deparando-se com o casamento do seu filho, percebeu que este não lhe iria retribuir de uma forma generosa e grata todo o esforço que por ele tinha feito. Deixou-se arrastar com o tempo, levando cada dia como mais um.


Até que um dia descobre que tem cancro do estômago. Na altura, terrivelmente fatal. Watanabe tinha a partir desse dia, um prazo de validade: 6 meses.

E eis que tudo na sua vida muda. Uma volta de 180 graus, um abanão que o faz acordar da irracional sonolência para a qual se deixou levar. Decide então viverá a sua vida como nunca o fez antes, apreciará cada momento e retirará lições e conclusões de todas as suas acções. Traça uma meta: Construir um parque infantil, numa zona urbana dificil, ignorada, negligenciada e votada ao esquecimento pelas autoridades da cidade.


Lido isto, parece-nos um argumento repetido, uma história 100 vezes contada. A realidade é que tudo o que temos visto desde então relativo a este tema, não são mais do que a cópia (quase todas elas muito mal feitas) daquele que é o mais magistral de todos os originais. Arika Kurosawa expõe-nos como ninguém o significado da já celebre frase "Carpe Diem" e, terminado o filme, percebemos que nos foi transmitida uma grande lição, que nos faz reflectir e ponderar aquilo em que os nossos dias se transformaram.

Espero sinceramente ter-vos cativado para ver o IKIRU. É um filme obrigatório, memorável e eterno.


Nota Final: A


Trailer:



Informação Adicional:

Realização: Akira Kurosawa
Argumento: Akira Kurosawa, Hideo Oguni, Shinobu Hashimoto
Ano: 1952
Duração: 143 minutos

2 comentários:

DiogoF. disse...

Nunca vi, mas gosto muito de Kurosawa. E podes a certeza de que me incentivaste, nota-se que gostaste do filme.

João Fonseca Neves disse...

Obrigado Diogo, pelo comentário! Espero que gostes do filme tanto ou mais do que eu gostei! ;) Abraço